BRASIL
(Cazuza, George Israel e Nilo Romero,LP Vale Tudo, Som Livre, 1988)
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes d’eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
chefe de nada
o meu cartão é uma navalha
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim
Não me sortearam
A garota do fantátisco
Não me subornaram
Será que é meu fim?
Ver tv a cores
Na taba de seu índio
Programada pra só dizer sim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Estudo do Texto
1. Qual o significado das palavras abaixo de acordo com o texto da poesia?
a) armaram
b) malhada
c) subornaram
Segundo a visão dos autores e considerando o conteúdo geral da letra, quem estaria reclamando de não ter sido convidado para a festa?
A que festa o poeta se refere quando afirma: “Não me convidaram pra essa festa pobre…”?
A que homens o poeta se refere quando afirma: “…os homens armaram…”?
O que pode significar os versos: “…a pagar sem ver / toda essa droga / que já vem malhada / antes d’eu nascer…”?
Apesar do poeta não ter sido convidado para a festa, ele ficou nos arredores do local estacionando os carros. Explique o significado dos versos: “…não me ofereceram / nem um cigarro / fiquei na porta / estacionando os carros…”
Explique o significado dos seguintes versos: “o meu cartão de crédito / é uma navalha”.
Observando a segunda estrofe, o que significa o apelo feito no ultimo verso: “confia em mim”?
9. Nos três últimos versos da 3ª estrofe, há uma crítica à televisão. Que crítica é esta?
“ver tv a cores / na taba de seu índio / programada pra só dizer sim”
Gabarito
Questão 1.
a) planejaram, organizaram
b) que tem manchas
induziram ou levaram alguém, mediante recompensas ou promessas, a não cumprir o dever ou a praticar ações ilegais ou injustas. No texto, o poeta constata que não foi subornado e que por causa disso acha que será o seu fim como cidadão.
Questão 2. O povo que vive no Brasil, ou seja, os brasileiros.
Questão 3. Refere-se à festa da democracia, ou melhor à eleição que aconteceu com o povo pedindo “Diretas já!”. O que aconteceu foi a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso Nacional, sem a participação do povo como é feito atualmente. Fala em festa pobre porque o poeta considera que não houve participação popular nessa escolha.
Questão 4. O poeta considera que não havendo participação popular na escolha do Presidente da República, essa decisão, definida por um pequeno grupo de pessoas (Congresso Nacional) era uma farsa planejada com o intuito de esconder algo do povo.
Questão 5. Toda festa requer gastos, sejam financeiros, sejam materiais, sejam pessoais (esforço físico, psicológico, mental). Alguém tem que pagar por isso. O poeta reclama que o pagamento por uma festa com defeito (com manchas) foi feito pelo povo e seus descendentes.
Questão 6. A festa foi feita, mas o povo não participou dela. Apenas ficou como espectador, trabalhando para manter o país organizado.
Questão 7. Na década de 80, o Brasil enfrentou uma inflação profunda na economia. O dinheiro brasileiro perdia seu valor diariamente: era como uma navalha que feria o poder de compra do consumidor. Por isso o poeta usa a expressão: “o meu cartão de crédito é uma navalha…”. Cada vez que alguem ia às compras sentia no bolso o corte do valor do dinheiro.
Questão 8. Pede que a nação constituída e organizada confie em seu povo para resolver os problemas.
Questão 9. A influência da televisão na cultura e opinião das pessoas através dos programas que, às vezes, não eram isentos, isto é, mostrava apenas um lado do fato, da notícia.
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