sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MÚSICA - BRASIL

BRASIL

(Cazuza, George Israel e Nilo Romero,LP Vale Tudo, Som Livre, 1988)

Não me convidaram

Pra essa festa pobre

Que os homens armaram

Pra me convencer

A pagar sem ver

Toda essa droga

Que já vem malhada

Antes d’eu nascer

Não me ofereceram

Nem um cigarro

Fiquei na porta

Estacionando os carros

Não me elegeram

chefe de nada

o meu cartão é uma navalha

Brasil

Mostra a tua cara

Quero ver quem paga

Pra gente ficar assim

Brasil

Qual é o teu negócio

O nome do teu sócio

Confia em mim

Não me sortearam

A garota do fantátisco

Não me subornaram

Será que é meu fim?

Ver tv a cores

Na taba de seu índio

Programada pra só dizer sim

Grande pátria desimportante

Em nenhum instante

Eu vou te trair



Estudo do Texto

1. Qual o significado das palavras abaixo de acordo com o texto da poesia?

a) armaram

b) malhada

c) subornaram



  1. Segundo a visão dos autores e considerando o conteúdo geral da letra, quem estaria reclamando de não ter sido convidado para a festa?



  1. A que festa o poeta se refere quando afirma: “Não me convidaram pra essa festa pobre…”?



  1. A que homens o poeta se refere quando afirma: “…os homens armaram…”?



  1. O que pode significar os versos: “…a pagar sem ver / toda essa droga / que já vem malhada / antes d’eu nascer…”?



  1. Apesar do poeta não ter sido convidado para a festa, ele ficou nos arredores do local estacionando os carros. Explique o significado dos versos: “…não me ofereceram / nem um cigarro / fiquei na porta / estacionando os carros…”



  1. Explique o significado dos seguintes versos: “o meu cartão de crédito / é uma navalha”.



  1. Observando a segunda estrofe, o que significa o apelo feito no ultimo verso: “confia em mim”?



9. Nos três últimos versos da 3ª estrofe, há uma crítica à televisão. Que crítica é esta?

ver tv a cores / na taba de seu índio / programada pra só dizer sim”





Gabarito

Questão 1.

a) planejaram, organizaram

b) que tem manchas

  1. induziram ou levaram alguém, mediante recompensas ou promessas, a não cumprir o dever ou a praticar ações ilegais ou injustas. No texto, o poeta constata que não foi subornado e que por causa disso acha que será o seu fim como cidadão.


Questão 2. O povo que vive no Brasil, ou seja, os brasileiros.


Questão 3. Refere-se à festa da democracia, ou melhor à eleição que aconteceu com o povo pedindo “Diretas já!”. O que aconteceu foi a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso Nacional, sem a participação do povo como é feito atualmente. Fala em festa pobre porque o poeta considera que não houve participação popular nessa escolha.


Questão 4. O poeta considera que não havendo participação popular na escolha do Presidente da República, essa decisão, definida por um pequeno grupo de pessoas (Congresso Nacional) era uma farsa planejada com o intuito de esconder algo do povo.


Questão 5. Toda festa requer gastos, sejam financeiros, sejam materiais, sejam pessoais (esforço físico, psicológico, mental). Alguém tem que pagar por isso. O poeta reclama que o pagamento por uma festa com defeito (com manchas) foi feito pelo povo e seus descendentes.


Questão 6. A festa foi feita, mas o povo não participou dela. Apenas ficou como espectador, trabalhando para manter o país organizado.


Questão 7. Na década de 80, o Brasil enfrentou uma inflação profunda na economia. O dinheiro brasileiro perdia seu valor diariamente: era como uma navalha que feria o poder de compra do consumidor. Por isso o poeta usa a expressão: “o meu cartão de crédito é uma navalha…”. Cada vez que alguem ia às compras sentia no bolso o corte do valor do dinheiro.


Questão 8. Pede que a nação constituída e organizada confie em seu povo para resolver os problemas.


Questão 9. A influência da televisão na cultura e opinião das pessoas através dos programas que, às vezes, não eram isentos, isto é, mostrava apenas um lado do fato, da notícia.




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